segunda-feira, 30 de março de 2015

Foz do Iguaçu x Cascavel

Muito se falou ao longo da semana sobre a rodada de fechamento da primeira fase do campeonato paranaense 2015. Suspeitas foram levantadas,  imaginando-se que o Foz do Iguaçu poderia facilitar a vida do Cascavel como represália ao Atlético PR pelos acontecimentos que marcaram o processo sucessório da Federação Paranaense de Futebol. Como na última rodada os jogos são realizados no mesmo horário, optamos por assistir ao vivo essa partida cercada de polêmica. E no campo de jogo o que se viu foi mais um clássico regional bastante disputado. Para aqueles que colocaram em dúvida o caráter e o profissionalismo dos atletas e comandantes da equipe da fronteira, felizmente a resposta veio dentro de campo no melhor estilo. Venceu o futebol. Perderam os profetas do mal que anunciaram a conspiração das cataratas. Mas como nosso assunto é arbitragem, vejamos como se comportou a turma do apito nesse jogo.

Foz do Iguaçu x Cascavel

Árbitro: Paulo Roberto Alves Junior
Assistente 1: Luiz Henrique de Souza Renesto
Assistente 2: Alessandro Rodrigues Mori

Foi sem sombra de dúvidas uma das melhores arbitragens do atual campeonato paranaense. O árbitro mostrou muita segurança desde os primeiros momentos da partida,  com amplo controle do jogo, o que se sucedeu  ao longo dos 90 minutos. Tem como principal característica permitir que o jogo flua sem interrupções constantes e desnecessárias. Com certeza as faltas sancionadas giraram em torno de 20 a 25, número muito baixo para os padrões do futebol brasileiro. A rigor, foram sonegadas  3 ou 4 faltas no máximo. Todavia,  pra se colocar em prática esse tipo de arbitragem moderna, é fundamental que o árbitro ostente uma condição física exuberante, pois do contrário a tendência é segurar o tempo todo pra respirar. Neste jogo, o árbitro da partida literalmente voou baixo, demonstrando uma excelente condição física, o que lhe permitiu manter uma proximidade  dos lances em condições adequadas para tomada de decisão. Começou e terminou o jogo sem demonstrar sinais de cansaço. Suas interpretações foram perfeitas com pouquíssimos lances que geraram algum tipo de contestação. E, o principal, manteve um critério. Na parte disciplinar mostrou 5 cartões amarelos corretamente, e poderia ter mostrado uma sexta advertência em lance que o atleta foi seguro para não obter a posse de bola. Nada que desabone sua conduta. Em suma, tivemos uma excelente arbitragem num jogo normal, cuja  baixa dificuldade deve-se em muito ao comportamento da equipe de arbitragem desde os primeiros momentos do jogo. Seus assistentes acompanharam o ritmo com atuações impecáveis. Foi uma tarde de encher os olhos pra quem gosta de arbitragem. Acredito que carimbaram o passaporte para a sequência da competição.




terça-feira, 24 de março de 2015

10ª Rodada

No último final de semana tivemos a realização da 10 ª rodada do campeonato paranaense 2015. Acompanhamos as três partidas televisionadas envolvendo as equipes da capital e, salvo um ou outro deslize, as arbitragens foram relativamente boas. 

Coritiba x Cascavel

Árbitro: Lucas Paulo Torezin
Assistente 1: André Luiz Severo
Assistente 2: Flávio Augusto Alves

O jovem  Lucas Torezin teve uma boa arbitragem. Na parte disciplinar aplicou 8 (oito) advertências, todas de conformidade com as regras do jogo. Especificamente no cartão aplicado ao atleta do Coritiba, Wellington Paulista, demorou demasiadamente, passando a impressão que não advertiria. Ao que tudo indica foi alertado por algum dos componentes da equipe de arbitragem. Menos mal que acertou na tomada de decisão. Tecnicamente se houve bem, com exceção do tiro penal não marcado aos 25 minutos do primeiro tempo, quando o jogador Sorbara esqueceu qual era o esporte e  praticou verdadeira jogada de voleibol, cortando a bola com a mão intencionalmente dentro da área penal. Seus assistentes trabalharam a contento com baixo nível de exigência, principalmente em relação a regra 11. Tivemos um lance polêmico daqueles que jamais saberemos se  a bola ultrapassou ou não  a linha de meta. Esse é o tipo de lance cuja presença de um árbitro assistente adicional resolveria a questão.  Digo isso pelas características da jogada,  na medida em que a bola foi chutada na direção da meta, lentamente, com tempo suficiente para o árbitro assistente adicional se posicionar adequadamente, concentrar-se na observação final, e decidir com amplas possibilidades de acerto. Outro aspecto didático do referido lance diz respeito ao deslocamento do assistente 1. No momento em que ocorre o lançamento, ele parte em velocidade até o momento em que a bola chega ao atacante, porém, reduz bruscamente no meio da trajetória, buscando a linha do penúltimo defensor. Naquele momento o objetivo era apenas e tão somente a bola. Só então percebe, retoma e tenta chegar a linha de fundo mas a velocidade do lance já não permite chegar na linha de meta. Na minha opinião a bola não ultrapassou totalmente a linha de meta, e portanto acertou o assistente. Mas foi  ao acaso,  pois da sua posição era impossível um julgamento mais preciso. De vez em quando a sorte deve acompanhar. Não sei se chegaria em perfeitas condições pra julgar,  mas se não reduzisse sua velocidade possivelmente conseguiria atingir a bandeira de canto em situação privilegiada. Mas no geral foi um bom trabalho da equipe de arbitragem num jogo normal. Abaixo uma sequência de fotos para que todos tirem suas conclusões.   

Imagem frontal
Visão por trás da meta

Posição do assistente 1


Operário x Paraná

Árbitro: Rodolpho Toski Marques
Assistente 1: Pedro Martinelli Christino
Assistente 2: João Fábio Machado Brischiliari

Sem a menor sombra de dúvidas foi o jogo mais difícil de ser arbitrado entre os que acompanhamos. Rodolpho Toski Marques manteve sua característica de permitir que o jogo fluísse sem interrupções constantes e desnecessárias. O único cuidado que se faz necessário é de não entrar no jogo com uma meta preconcebida e imaginar que todos os jogos são iguais e cabendo ao árbitro determinar o número de faltas. Em outras palavras, é como se existisse um número mágico que jamais poderá ser ultrapassado. Nesse caso estará aberto o concurso do árbitro que marca menos faltas, colocando em risco de transformar certos jogos em verdadeiro campo de batalha. A quantidade de faltas ao término do jogo deve refletir exatamente o comportamento dos atletas. Cabe ao árbitro diferenciar o que venha a ser contato físico normal de faltoso. Fazendo a leitura adequada a tendência é que esse número seja baixo na média. No Paraná temos exemplos de árbitros que conseguiram reduzir drasticamente a média de faltas inclusive melhorando em  muito a qualidade de suas arbitragens. Obviamente que determinadas partidas teremos um número pequeno de faltas. Em outras poderemos ter uma quantidade acima da média.  O que não pode é o árbitro tentar segurar na marra. Isso não existe. Mas no geral as interpretações dos lances foram corretas, o que remete ao bom desempenho na parte técnica. Errou ao não consignar um tiro penal a favor do Operário, já ao final da partida,  muito embora o atacante tenha valorizado em demasia a infração ao ser empurrado pelo defensor do Paraná. Não interferiu no resultado final da partida o que acaba minimizando para arbitragem. Na parte disciplinar obrigou-se a mostrou diversos cartões amarelos nos últimos minutos da partida, medida totalmente acertada, pois o que mais se via era jogador dividindo e buscando sempre atingir seu oponente de forma violenta. Mesmo assim não houve a necessidade de expulsar ninguém. Os assistentes fizeram um ótimo trabalho, acertando em todas as marcações, principalmente em relação a regra 11.

Atlético PR x Nacional

Árbitro: Fábio Filipus
Assistente 1: Victor Hugo Imazu dos Santos
Assistente 2: Júlio Cesar de Souza 

Uma excelente atuação do árbitro Fábio Filipus. Claro que o jogo foi de baixíssimo grau de dificuldade, e o  placar final  de 7 x 0 fala  por si só. Não obstante, teve certo trabalho na parte disciplinar com algumas entradas mais duras, obrigando o árbitro a mostrar 7 (sete) cartões amarelos, todos corretamente aplicados. Os assistentes tiveram um bom trabalho apesar da baixa exigência. Selecionei um lance já ao término da partida, que serve de aprendizado para os assistentes não só do futebol paranaense mas de todo território nacional. Não tenho dúvidas de afirmar que o maior problema enfrentado pelos assistentes é conseguir o posicionamento adequado no momento de  julgar a infração de impedimento. Invariavelmente quando ocorre o erro do assistente, a imagem mostra que ele se encontra ou mais a frente ou atrás da posição correta. Observem na foto abaixo que o atleta do Nacional já está a frente do penúltimo defensor no momento em que o chute é desferido. Na sequencia da jogada ele tira proveito por estar naquela posição, finaliza,  mas o gol acaba não saindo graças a uma excelente intervenção do goleiro do Atlético.  Isso acontece em muitos jogos com os assistentes. Por sua vez, notem que via de regra quando os assistentes acertam a indicação de infração de impedimento, seu posicionamento é perfeito. Também não adianta os assistentes se vangloriarem das marcas obtidas nos testes físicos periódicos se não reproduzem no jogo quando se faz necessário. Em síntese,  tivemos um ótimo trabalho da equipe de arbitragem, num jogo extremamente fácil.

Face o posicionamento incorreto,  o assistente teve a falsa impressão de mesma linha


Nota - Ontem chegou mais uma grande notícia para a arbitragem paranaense. O assistente FIFA do Paraná, Bruno Boschilia, foi convocado para participar ao lado do mineiro Ricardo Marques Ribeiro e do catarinense Cléber Lúcio Gil, do Campeonato Mundial Sub-20, que será realizado na Nova Zelândia, entre os   dias 30 de maio e 20 de junho de 2015.    Mas sobre esse jovem talento iremos dedicar todo um post nos próximos dias. Aguardem.

quinta-feira, 19 de março de 2015

O palco do artista

É muito comum você ouvir das pessoas referências sobre determinados teatros, estádios, ginásios, enfim, locais famosos de entretenimento. Quem um dia não sonhou em assistir  um jogo de basquete no Madison Square Garden em Nova Iorque, ou uma grande apresentação na Ópera de Paris. No caso do futebol, todo atleta profissional imagina um dia desfilar pelo gramado do Maracanã. E não estamos falando apenas daquele humilde jogador que pela primeira vez disputa um jogo da Copa do Brasil. Os grandes astros do futebol mundial sempre manifestaram o desejo de jogar nesse estádio tão emblemático. Com os árbitros não é diferente. As vezes suas carreiras são marcadas mais pelos estádios que atuaram do que pelos  jogos que dirigiram. Fiz esse introito pois imagino a emoção vivenciada pelo jovem Rodolpho Toski Marques ao atuar pela primeira vez no Maracanã. Com certeza foram momentos vividos intensamente, desde a divulgação da escala até o instante que finalmente  colocou  os pés pela primeira vez  naquele gramado de tantas histórias, onde recentemente a seleção alemã conquistou o campeonato mundial.  O jovem árbitro dirigiu o jogo entre Flamengo e Brasil de Pelotas, valendo a classificação à próxima fase da Copa do Brasil. Desde que trilou o apito autorizando o tiro de saída, até erguer os braços para  finalizar a partida,  o que se viu foi um árbitro muito seguro e concentrado, que em momento algum perdeu o controle da partida. Ainda, mostrou uma condição física exuberante, exercendo uma arbitragem moderna, com pouquíssimas faltas sancionadas, permitindo que o jogo fluísse sem interrupções constantes e desnecessárias que tanto irritam o torcedor. É possível que o torcedor tenha saído insatisfeito com o espetáculo proporcionado pelas  equipes, mas certamente não terá quaisquer motivos para criticar a arbitragem. Foram 19 faltas num jogo leal, com poucas advertências e nenhuma expulsão.  Os gols foram todos legais e contei três grandes decisões relativas a supostos tiros penais reclamados.  Nenhum deles ocorreu de fato é o árbitro acertou nas três interpretações. Soube aplicar a lei da vantagem em algumas oportunidades com acerto. Enfim, uma excelente arbitragem que certamente o credenciará a  novos desafios. Os assistentes foram convidados de honra pra assistir de perto essa atuação brilhante pois a rigor não foram exigidos. Sorte deles. Parabéns a todos pelo excelente trabalho. Ao Rodolpho uma pequena observação. Árbitro jamais deve justificar suas decisões, sejam elas certas ou erradas. E pra ele o futuro é hoje. Ganham todos, principalmente a arbitragem paranaense.

Rodolpho teve noite de gala no Maracanã 

terça-feira, 17 de março de 2015

Últimas do campeonato paranaense

Estive afastado nos últimos dias e não pude acompanhar na íntegra  os jogos válidos pela oitava rodada do campeonato paranaense de 2015.  Abaixo um resumo daquilo que pude assistir. 

Operário x Atlético

Árbitro: Rafael Traci
Assistente 1: Daniel Cotrim de Carvalho
Assistente 2: Adolfo Ferreira Borges

Esse jogo assisti na íntegra. Rafael Traci começa a entrar naquele rol de árbitros que não costumam trazer dor de cabeça à comissão de arbitragem. Teve uma atuação brilhante, tanto no aspecto técnico como no disciplinar. Foi talvez o melhor jogo da competição, bastante intenso,  com alternância de ataques e consequentes contra ataques, aumentando em  muito a exigência física do árbitro. E  nesse aspecto achei que o árbitro também está bem preparado. Em momento algum permitiu a indisciplina, agindo firmemente nas tentativas de reclamações, mantendo o completo controle do jogo. Nenhuma grande decisão ao longo do jogo.  Seus assistentes passaram em branco. Isso é ótimo.

Rafael Traci, o segundo da esquerda para direita, atravessando seu melhor momento na carreira


Coritiba x Rio Branco

Árbitro: Everaldo Modesto
Assistente 1: Maurício José Braga
Assistente 2: Alessandro Rodrigues Mori

Este jogo assisti ao vivo. Infelizmente, por razões de ordem profissional e pelo trânsito das grandes cidades, somente presenciei parte do primeiro tempo e a segunda etapa na íntegra. Em relação ao jogo anterior do árbitro, senti uma evolução na leitura dos lances, marcando as infrações ocorridas e interpretando corretamente os lances de disputa legal pela posse de bola ou espaço. O jogo foi relativamente tranquilo, com baixo nível de exigência. Nenhuma grande decisão. Achei apenas que a diagonal ficou ampla demais, o que de certa forma atrapalhava a retomada dos lances. Também buscar a posição ideal com maior rapidez após as paralisações dos lances. No geral uma arbitragem muito boa num jogo de baixa exigência. Os assistentes tiveram um desempenho a contento.

** Jogo entre Paraná x Foz assisti cerca de 10 minutos finais e portanto resta prejudicada qualquer análise.

Com relação a nona rodada, assisti  todas  as partidas televisionadas. Presenciei três grandes arbitragens. Se tivesse que eleger a melhor confesso que seria uma missão inglória. Foi um final de semana de encher os olhos pra quem gosta de arbitragem. Vejamos como foi a turma do apito.

Londrina x Paraná

Árbitro: Nilo Neves de Souza Junior
Assistente 1: Rafael Trombeta
Assistente 2: Rodrigo Aparecido Pereira

Sou filho de radialista e um apaixonado pelo rádio. Me remete a outros tempos. Digo isso pra iniciar o comentário do referido jogo,  informando que certa emissora de Curitiba elegeu o árbitro como melhor em campo. Com os devidos descontos pela falta de conhecimento aprofundado de arbitragem pela imprensa de uma maneira geral, convenhamos, uma eleição como essa merece no mínimo a transcrição do fato. Mas no presente jogo realmente o comentarista acertou em cheio pois o árbitro teve uma atuação muito próxima da perfeição. Nada como os anos de gramado. Parece que finalmente o caro Nilo Neves encontrou o equilíbrio necessário para conduzir jogos de futebol com muita tranquilidade, imposição natural e controle amplo da partida. Parabéns.  O jogo foi relativamente tranquilo, o que muitas vezes reflete a própria arbitragem do jogo. Os assistentes acompanharam o bom nível do árbitro central.

Atlético x Maringá

Árbitro: Edivaldo Elias da Silva
Assistente 1: Moisés Aparecido de Souza
Assistente 2: Luiz Paulo Galli

O experiente Edivaldo Elias da Silva foi designado para um jogo com prognóstico de nervosismo. Sempre que uma equipe de maior expressão necessita da vitória por rondar a zona de rebaixamento, é inevitável que o jogo tenha contornos perigosos e imprevisíveis. Mais um motivo para o árbitro redobrar atenção. E começou muito bem marcando um tiro penal indiscutível a favor do Atlético, convertido em gol. E aquilo que parecia encaminhar para uma vitória fácil, facilitando o trabalho da equipe de  arbitragem, mudou completamente no momento em que o Maringá igualou o marcador.  O jogo ficou extremamente nervoso, com a equipe do Atlético tentando marcar seu gol na base da pressão. Quando isso ocorre normalmente as reclamações ocorrem em profusão pelas mínimas coisas. Mas a arbitragem mostrou-se segura, sem se abalar com absolutamente nada, levando o jogo até o seu final com amplo controle e com decisões certas e precisas. Excelente trabalho num jogo de média dificuldade. Os assistentes fizeram um bom trabalho, com exceção da falha cometida pelo assistente 2, ao informar infração de impedimento em lance que o atacante partiu do seu próprio campo, portanto, habilitado.

Malucelli x Coritiba

Árbitro: Felipe Gomes da Silva
Assistente 1: Luciano Roggenbaum
Assistente 2: Weber Felipe Silva

Pra fechar a rodada mais uma grande arbitragem. Felipe Gomes, aspirante a FIFA, fez um excelente trabalho durante os 90 minutos. Nada que desabone sua performance técnica e disciplinar. Fisicamente mostrou excelente preparo físico. O jogo não teve qualquer grande decisão. Advertências bem aplicadas. Leitura dos lances faltosos de conformidade com as regras do jogo. Os gols saíram em lances incontestáveis. Os assistentes foram muito bem, aparentemente sem erros significativos.

** Quando se escreve pouco é porque se apitou muito.


segunda-feira, 9 de março de 2015

Paranaense na reta decisiva

Neste final de semana foi realizada a 8ª rodada do campeonato paranaense 2015. Fazendo um balanço geral da competição, podemos afirmar que, nos jogos que acompanhamos pela TV, o desempenho da turma da arbitragem foi muito bom. Salta aos olhos a evolução dos árbitros mais jovens,  que há cada ano mostram amadurecimento nas partidas. E não tem outro jeito. Experiência só se adquire apitando. Muitos derrotistas profetizaram que a arbitragem do Paraná seria uma catástrofe após a perda dos árbitros FIFA Evandro Roman e Heber Roberto Lopes. Claro que árbitros de nível internacional farão falta ao Paraná e a qualquer outro Estado. Veja as dificuldades que São Paulo enfrenta após a saída de Sálvio Spinolla, Paulo Cesar de Oliveira e Wilson Luis Seneme. Mas ao contrário do que se imaginava, essa transição foi relativamente tranquila. Hoje temos uma boa safra de novos árbitros, muitos dos quais fazendo parte do seleto grupo da CBF. Portanto,  as disputas seguem bem conduzidas dentro das quatro linhas, com os campeonatos transcorrendo na mais perfeita normalidade, dentro do padrão brasileiro de arbitragem, que infelizmente ainda está muito longe das principais escolas europeias.   O resto é choro de quem sempre chorou pois só consegue assistir jogos com o coração. Vejamos como foi a rodada.

ATLÉTICO X MALUCELLI    

Árbitro: Adriano Milczvski
Assistente 1: Rafael Trombeta
Assistente 2: Diogo Morais

O atual presidente da Associação dos Árbitros Profissionais do Estado do Paraná (APAF), fez uma ótima apresentação no último sábado. Experiente, acostumado aos grandes jogos do futebol paranaense, teve na parte técnica uma arbitragem irrepreensível. No aspecto disciplinar faltou alguma coisinha pra fechar com nota máxima. Sonegou alguns cartões amarelos, cite-se aos 23 minutos quando o atleta Cleo do Atlético Parananense deu uma carrinho temerário e ficou por isso mesmo. Por outro lado, exagerou na aplicação de advertências, como exemplo aos 24 minutos da etapa inicial. Nada que comprometesse sua atuação ao longo do jogo. Fisicamente mostrou boa performance, mostrando que  finalmente consegue  se manter  no peso adequado. Essa sempre foi sua luta, mas ao que tudo indica foi vencida pelo ótimo árbitro nos últimos anos. Esse é mais um daqueles injustiçados do apito paranaense, que serve para apitar inclusive finais envolvendo a dupla Atletiba, mas ultimamente não serve para apitar sequer a segunda divisão do campeonato brasileiro. Pura política. Os assistentes tiveram uma atuação impecável sem quaisquer erros. Jogo de baixa dificuldade.

RIO BRANCO X PARANÁ    

Árbitro: Selmo Pedro dos Anjos Neto
Assistente 1: Marcelo Pavana
Assistente 2: Leandro Luiz Zeni

Selmo Pedro dos Anjos Neto é na minha opinião o melhor árbitro do futebol paranaense. Diga-se de passagem, figurou no sorteio da grande final do ano passado mas perdeu para Fábio Filipus, que naquela oportunidade teve um ótimo desempenho. Neste jogo no litoral do Estado, o árbitro manteve sua média de ótimas atuações. No aspecto técnico sua atuação foi muito próxima da perfeição. No aspecto disciplinar cometeu alguns equívocos, deixando de aplicar as advertências necessárias  aos 11 e 17 minutos do primeiro tempo. Jamais perde o controle do jogo e ontem não foi diferente. Se faz respeitar naturalmente e permite que o jogo flua sem interrupções desnecessárias, bem diferente de outros tempos em que se escondia atrás do apito. É um atleta na acepção da palavra, ex-jogador, talvez a característica que lhe permite fazer uma leitura adequada do jogo. Lamentavelmente, não figura na lista de árbitros que pertencem ao quadro nacional pelo requisito etário. Na prática, colocaria a maioria no bolso numa avaliação física, independentemente da idade dos candidatos. Seria ele e mais nove. Os assistentes tiveram uma boa atuação, com exceção de um lance ocorrido aos 9 minutos do segundo tempo em que o assistente 2, Leandro Luiz Zeni, errou  lance de impedimento de forma grosseira.    Jogo de baixa dificuldade.

Foto - Selmo Pedro dos Anjos Neto (ao centro)



CORITIBA X LONDRINA    

Árbitro: Fábio Filipus
Assistente 1: Victor Hugo Imazu dos Santos
Assistente 2: Sidmar dos Santos Meurer

O excelente árbitro Fábio Filipus foi o encarregado de conduzir o jogo mais problemático do futebol paranaense dos últimos tempos. A história desses confrontos tem deixado aberto uma ferida que nunca cicatriza. E a cada jogo aparece um novo árbitro candidato ao freezer do meu amigo londrinense Afonso Vitor de Oliveira.  Hoje está cancelada a caminhada pelo  calçadão de Londrina. E olha que nesse freezer tem escudo FIFA, aspirante a FIFA, CBF, FPF, etc. Pelo jeito o jovem Fábio Filipus é mais um candidato a figurar na lista dos proibidos pra Londrina. E se isso acontecer será injustamente, principalmente pelo alvo principal da reclamação do Londrina, o tiro penal assinalado a favor do Coritiba. Tiro penal claríssimo.  Todavia, confesso que esperava mais na parte disciplinar. Tivemos vários lances em que o árbitro deveria agir de forma mais incisiva, mostrando-se presente fisicamente  e advetindo os atletas sem hesitar, despreocupando-se com o balanço final de cartões apresentados. Tem jogos que não tem jeito. Ou coloca pra fora ou se perde o controle dá partida. Teve atleta chutando a bola contra o adversário já com o jogo paralisado, divididas temerárias sem cartão, mão no rosto, tentativa de soco em jogadas divididas, enfim, a regra era sempre buscar atingir o adversário nas disputas de bola. E também as encenações do Negueba, que a todo instante se atira ao chão simulando infrações. Esse é o tipo de jogo que não poderia acabar com 22 jogadores. Sobrou motivos para expulsar de dois a três atletas. O jogo ficou no limite pra descambar pra pancadaria geral. Em certos momentos ficou evidenciado a perda de controle por parte do árbitro, que desestabilizou-se a ponto de aplicar cartão para atleta errado em lance absolutamente claro. Foi alertado e corrigiu. Os dois assistentes fizeram um excelente trabalho, com mais destaque para o assistente 2 que foi muito exigido em relação a regra 11 e acertou todas. Arbitragem que ficou devendo no aspecto disciplinar,  num jogo de média dificuldade.

quarta-feira, 4 de março de 2015

FORMAÇÃO DOS ÁRBITROS

A formação dos árbitros tem sido uma prioridade para o Comitê de Árbitros da UEFA  durante a realização dos cursos de inverno da UEFA em Atenas.

Aos árbitros são dados alguns conselhos muito valiosos em termos  técnicos, com sessões  práticas e testes, todos elaborados para ajudar os árbitros a continuar a atingir os níveis que fizeram com que os árbitros europeus fossem respeitados em todo o mundo.

"Precisamos garantir que os árbitros da UEFA tenham a melhor formação possível em seu desenvolvimento", disse o árbitro oficial da UEFA Hugh Dallas, que, com o seu companheiro de Comité de Arbitragem Vladimir Sajn,  têm ensinado no 23º Curso Avançado Árbitro Elite e no Curso Introdutório para 24 Internacional de Arbitragem da UEFA.

Um teste importante que os árbitros passarm nos cursos da UEFA é um teste sobre as Leis do Jogo. "Nós pensamos que este teste é particularmente importante para os novos árbitros no curso introdutório, porque é a primeira vez que irão enfrentá-lo. Eles são responsáveis ​​por proteger as Leis do Jogo no campo, por isso eles têm de saber o que diz as regras. Nós também encorajamos as federações nacionais para analisar os árbitros sobre as leis do jogo, porque de vez em quando coisas  incomuns acontecem ", disse Dallas.

"A lei mais importante não está escrita, e é chamada de 'Lei 18'. Este é o senso comum. Um árbitro pode ter um grande conhecimento e entender as leis, mas aplicá-las de maneira correta requer habilidade".

São realizadas periodicamente trabalhos para produzir vídeos que mostrem aos árbitros  análises de incidentes e decisões nos jogos, e que expliquem as potenciais tendências que os árbitros precisam considerar. Aos próprios árbitros se pede um feedback em reuniões como parte de todo o processo.

Os lances selecionados são das nossas principais competições, a UEFA Champions League, UEFA Europa League e Campeonato da Europa. "Nós temos uma rede de observadores por toda Europa assistindo partidas para nós e seu papel é o de destacar os lances mais importantes. Os relatórios dos observadores também são estudadas para encontrar outros lances", disse Dallas.

"Então, nós selecionamos o que tem de mais interessante para uso nas sessões técnicas. Depois em nossos seminários e  o material é distribuído às federações nacionais para uso na formação arbitral em todos os níveis, com o objetivo principal de conseguir um enfoque coerente e similar das leis nas competições nacionais também ."

Uma tomada firme de decisão é um dos grandes objectivos do Comitê de Árbitros da UEFA,  e as provas em vídeo podem ajudar a alcançar este objectivo. "Por exemplo, espera-se que um árbitro de Portugal tenha a mesma opinião quando julgar uma falta dura que um árbitro na Polônia. É o ideal para que os clubes que estão competindo em torneios tenham  a aplicação das regras de forma coerente, sem se importar de qual parte da Europa vem do árbitro ", disse Dallas.

"Analisamos as tendências em nossas competições de alto nível, e alertamos os árbitros sobre elas. Por exemplo, temos percebido ultimamente uma tendência a usar os braços ilegalmente para segurar um adversário. Temos que conscientizar os árbitros sobre isso, para que eles possas se posicionar de forma adequada e identificar a infração, acrescentou. Outros assuntos discutidos nas sessões em Atenas foram sobre impedimento, mãos, aplicação da lei da vantagem e preparação para a cobrança de tiros livres.

Dallas, Sajn e seus colegas têm uma grande cuidado com os recém-chegados à lista de FIFA que frequentam o curso introdutório como batismo no mundo da arbitragem da UEFA. Eles recebem instruções sobre o trabalho dos observadores que os avaliam em competições da UEFA, e é explicado a importância de seguir as diretrizes da UEFA.

"A capacidade de gestão de uma partida é uma habilidade muito importante para os jovens árbitros. Nós encorajamos eles para se comunicarem  com os jogadores, ajudando-os a admininistrar quando ocorre uma briga no campo, lidando com jogadores sem ter que mostrar um cartão imediatamente. Se você acha que pode ter uma palavra amável com um jogador, muito melhor, porque as pessoas querem que os futebolistas estejam jogando em campo e não sentados na arquibancada ", disse Dallas.

Também se avalia o conhecimento de inglês dos jovens árbitros, o idioma da arbitragem da UEFA, durante alguns debates informais com membros do Comitê de Árbitros. "Se ocorre um incidente grave durante uma partida, é de vital importância  que um árbitro possa se comunicar com precisão com o delegado partida, o diretor e, possivelmente depois com o comité de controle e disciplina, por isso é importante que possam expressar-se  adequadamente em Inglês. "

Dallas e seus companheiros têm grande satisfação nos seus  papéis na formação de árbitros, e colocam  suas vastas experiências e conhecimentos a serviço dos árbitros de hoje em dia. "Eu me lembro quando era um jovem árbitro e sentei numa sala e com alguns árbitros que admirava; pessoas que ensina não só como ser um árbitro do mais alto nível, mas também como ser um grande instrutor. Aprendemos com eles e podemos usar o que aprendemos para ensinar aos outros mais tarde ", lembrou.

"Dá uma grande satisfação ver árbitros que você começa a orientar em torneios juvenis da UEFA Champions League e, posteriormente, vendo-os apitar em grandes torneios. Você sente que tem alguma influência sobre o seu sucesso", disse ele.


Fonte: UEFA

segunda-feira, 2 de março de 2015

6ª Rodada

A sexta rodada do campeonato paranaense 2015 foi iniciada na quinta feira  e  concluída no domingo. No geral não tivemos grandes problemas para a turma do apito nos jogos televisionados. Vejamos.

ATLÉTICO PR. x FOZ DO IGUAÇU

Árbitro: Leandro Barros Nunes
Assistente 1: Luiz Henrique de Souza S. Renesto
Assistente 2: Marcos Rogério da Silva

Na grande surpresa da rodada, a equipe da fronteira acabou vencendo o Atlético em plena arena da baixada. O trabalho desenvolvido pela equipe de arbitragem foi muito bom. Leandro Barros Nunes, jovem talento de uma excelente safra de 2010,  teve um ótimo desempenho tanto na parte disciplinar como na parte técnica. A rigor,  seu único equívoco de maior gravidade foi não mostrar cartão amarelo para o zagueiro Gustavo do Atlético Paranaense, que atingiu seu adversário no tornozelo num carrinho temerário. No mais, manteve o controle do jogo durante os 90  minutos, num jogo de baixo grau de dificuldade. Seus assistentes passaram com nota máxima sem cometerem quaisquer erros, muito embora tenham sido pouco exigidos, em especial na sua principal atribuição, o impedimento. 

PARANÁ CLUBE x NACIONAL

Árbitro: Everaldo Lambert Modesto
Assistente 1: Luciano Roggenbaum
Assistente 2: Giovani Marcos Matielo

O bom e experiente árbitro, dotado de personalidade muito forte, começou o jogo cometendo o equívoco de segurar o cartão amarelo a todo custo. A velha mania de tentar adivinhar o final do filme sem assistir. A quantidade de advertências e o número de faltas do jogo, deverão refletir a realidade da partida, não cabendo ao árbitro fazer vistas grossas para reduzir esse número a fórceps. Com 7 minutos de jogo, o atleta do Nacional, sem condições de disputar a bola, simplesmente agarrou seu adversário de forma acintosa, parecendo golpe de judô, cometendo uma falta tática para impedi-lo de obter a posse da mesma. E nada de cartão. Logo em seguida, o assistente 2 sinaliza uma infração corretamente e o árbitro simplesmente ignora a marcação. Aos 14 minutos o atleta do Nacional dá um carrinho temerário e nada de amarelo. Aos 20 minutos o zagueiro do Paraná interrompe um ataque promissor e novamente o cartão fica esquecido no bolso. Finalmente aos 33 minutos surge o primeiro cartão amarelo para o atleta do Nacional,  sob a alegação de persistir no cometimento de faltas, ou seja, pelo conjunto da obra. A partir desse momento o árbitro acordou e mudou completamente sua postura, passando a advertir os atletas faltosos, e o fez corretamente aos 35, 44 e 45 da etapa inicial. Demorou muito correndo o risco de perder o controle da partida. Com 30 segundo da etapa final novamente tivemos lance pra cartão amarelo. E assim seguiu o jogo até o seu final com cartões bem e mal aplicados. Não dá pra dizer que arbitragem foi boa no aspecto disciplinar. Já no aspecto técnico a arbitragem foi muito boa, com alguns pequenos deslizes sem muita repercussão. Apenas para registro, o procedimento para cobrança do tiro de canto não foi alterado, devendo ser cobrado no quarto de círculo mais próximo do local onde a bola ultrapassar a linha de meta. Aos 19 minutos do primeiro tempo, a bola claramente saiu pelo lado esquerdo do goleiro, sendo que a cobrança foi efetuada no lado direito do goleiro. A equipe do Parana teve um gol mal anulado em razão do toque de mão do atacante. Digo isso porque não houve qualquer intenção do atacante em atingir voluntariamente a bola com a mão  e sequer agiu de forma irresponsável ampliando a área corporal mediante abertura dos braços.  A bola chega de uma distância curta após o goleiro espalmá-la num cruzamento (bola que chega de forma inesperada); a distância entre a bola e atacante é curta e não existe o movimento da mão em direção a bola mas sim da bola em direção a mão. Finalmente, o movimento dos braços é totalmente natural. É óbvio que pelas circunstâncias a anulação jamais será contestada, e a decisão de anular o gol acaba trazendo menos problemas que sua confirmação. Acredito que 90% dos árbitros agiria da mesma forma. Tudo isso é compreensível. Mas a luz da regra do jogo o gol foi legal. Observem a sequencia de fotos abaixo. Não se compara ao vídeo mas podemos ter uma ideia do lance. Os assistentes tiveram um ótimo desempenho sem quaisquer erros significativos. Arbitragem satisfatória num jogo de média dificuldade.

Foto 1 - Após o cruzamento goleiro espalma a bola em direção do atacante





















Foto 2 - Bola se choca na mão do jogador do Paraná e os braços estão em movimento natural








Foto 3 - A bola vai em direção a mão e não a mão em direção a bola (bola inesperada)



PRUDENTÓPOLIS x CORITIBA

Árbitro: Edivaldo Elias da Silva
Assistente 1: Moisés Aparecido de Souza
Assistente 2: Diego Grubba Schitkovski

Esse jogo me fez lembrar um velho filme de faroeste chamado "Pague pra entrar e reze pra sair". Não me recordo de um jogo que tenha demorado tanto pra acabar. Jogo de baixíssimo nível técnico, o que normalmente espirra na arbitragem, pois via regra quando o jogo é ruim tudo acaba ficando ruim. E vice versa em relação aos bons jogos. Mas nesse caso, a arbitragem teve um ótimo desempenho num jogo em que a bola era apenas um pequeno detalhe. Tanto no aspecto técnico como no disciplinar a arbitragem acertou em praticamente todas as tomadas de decisões. Os assistentes estiveram no mesmo ritmo. Somente nos últimos 5 minutos que o experiente Edivaldo Elias resolveu apitar a moda antiga, paralisando o jogo sem necessidade, o que não chegou a comprometer o trabalho como um todo. Ótima arbitragem em algo parecido com jogo de futebol.