quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O uso do apito

Não há nada mais irritante que você assistir uma partida de futebol comandada por um árbitro que usa o apito indevidamente. Os árbitros devem entender que o som do apito é uma forma de comunicação perante os atletas. O uso adequado pode ser uma ferramenta extraordinária para condução da partida. De outra banda, seu uso inadequado poderá causar irritação e aborrecimento não só nos atletas mas principalmente no público em geral. Sobre o tema, vejamos a seguinte passagem extraída do livro "Fundamentos de arbitragem de futebol" do saudoso Áulio Nazareno:

 " Certa ocasião, em uma competição internacional, pelo fato de não atuar a seleção do país, o público compareceu em muito pequena escala. O árbitro soava o seu apito sempre, sempre e sempre da mesma maneira estridente; quer fosse uma simples bola fora ou um pênalti violentamente cometido, o tom era sempre o mesmo: monocordicamente alto. Cedo, os raros espectadores (cerca de 1.000) começaram a reclamar, colocando as mãos no ouvido e, na tribuna de honra, onde eu estava, vi gente indo embora. Não incorra no mesmo erro. Dê uma mensagem certa ao atleta infrator. Apite longo e forte nas faltas feias, bem como na saída e no término dos tempos de jogo."

Essa monocordia a que se refere Áulio Nazareno,  é um dos grandes defeitos da maioria dos árbitros, na medida em  que não conseguem  uma comunicação perfeita com os atletas através daquele pequeno objeto. Obviamente que um silvo  curto e de baixo volume será interpretado pelo atleta como uma infração de menor potencial ofensivo. Ao contrário, um silvo longo e mais estridente será traduzido como uma infração grave. 

A propósito, tal qual um instrumento musical, o próprio som  do mesmo modelo de apito varia de árbitro para árbitro. Nem todos conseguem a mesma performance com o apito. Um exemplo que sempre recordo é do grande árbitro brasileiro Márcio Rezende de Freitas, que utilizava o modelo italiano Barilla (de metal com aquela bolinha dentro), mas que conseguia   extrair um som como poucos, o que se tornou uma marca pessoal.  

Independentemente da qualidade e das características do som emitido, nas interpretações das regras do futebol (pág. 45), seguem algumas recomendações para uso correto do apito.

O apito é necessário para:

1) Iniciar o jogo no 1º e no 2º tempo e também para reiniciá-lo após um gol

2) Paralisar o jogo para:

a) conceder um tiro livre ou um tiro penal
b) suspender ou encerrar uma partida
c) finalizar os períodos do jogo, devido ao término dos tempos

3) Reiniciar o jogo:

a) nos tiros livres, quando se ordena que uma barreira fique na distância apropriada
b) nos tiros penais

4) Reiniciar o jogo após ter sido paralisado devido à:

a) aplicação de um cartão amarelo ou vermelho por uma incorreção
b) lesão
c) substituição

O apito NÃO é necessário para marcar:

1) Tiro de meta, tiro de canto ou arremesso lateral

2) Gol (claro)

3) O apito também NÃO é necessário para reiniciar o jogo mediante:

a) tiro livre, tiro de meta, tiro de canto, arremesso lateral.

O apito que é usado desnecessariamente, com muita frequência terá menos impacto quando for necessário. Quando o apito for necessário para reiniciar o jogo, o árbitro informará claramente aos jogadores que o jogo não será reiniciado antes de tal sinal (apito).


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