Qual árbitro não se viu envolvido num jogo que parece interminável? Você olha e olha para o relógio e ele insiste em caminhar a passos lentos. Parece até provocativo. Talvez testando sua capacidade de autocontrole ou verificando se você realmente escolheu a função certa. Pois é, de repente você está correndo de um lado para outro e o jogo terrivelmente difícil, passando um sentimento similar a época em que os cristãos eram lançados nas arenas romanas para lutarem pela sobrevivência e todos torcendo contra.
Lances inimagináveis, atletas e funcionários oficiais com os nervos a flor da pele e a torcida literalmente lançando toda sua ira contra o árbitro. E assim você caminha no fio da navalha rogando para que tudo passe rapidamente.
Lances inimagináveis, atletas e funcionários oficiais com os nervos a flor da pele e a torcida literalmente lançando toda sua ira contra o árbitro. E assim você caminha no fio da navalha rogando para que tudo passe rapidamente.
Em alguns casos esse clima foi deflagrado por alguma falha inicial da arbitragem; em outros por circunstâncias pretéritas desconhecidas; as vezes pela irresponsabilidade de alguns. Até para os mais experientes árbitros, certos jogos parecem que foram concebidos pelo diabo. E nem podemos invocar o santo protetor dos árbitros de futebol pois nesse caso sequer foi aberto o processo legal de santificação. Desconsiderando os inúmeros fatores que interferem numa partida de futebol, estatisticamente e a grosso modo, poderíamos definir que 90% dos jogos são considerados normais, com lances comuns, questões disciplinares totalmente administráveis, gols claros, enfim, nada de anormal.
Diria que outros 5% dos jogos sequer necessitariam de árbitro pela extrema facilidade de condução da partida. Verdadeiro treino de luxo. Na outra ponta viriam os 5% de jogos terríveis, inesquecíveis, feitos sob encomenda para testar a capacidade do árbitro. Com perdão do exagero, são nesses jogos que conseguimos enxergar o verdadeiro árbitro de futebol. Fica patente que não se deixa levar pela pressão exercida por torcedores e dirigentes, muito menos cede ao próprio subconsciente que pede uma eventual compensação pelo eventual erro cometido.
Enfim, não se distancia um único momento dos princípios da igualdade e da imparcialidade na conduta do jogo. Esses árbitros sofrem muito mas são recompensados no futuro. Outros, apesar de honestos como a quase totalidade (não acredito em 100% em qualquer classe), acabam involuntariamente cedendo em flagrante fraqueza de caráter. Esses sofrem menos durante os 90 minutos mas seguirão como meros figurantes ao longo da carreira de árbitro de futebol.
Enfim, não se distancia um único momento dos princípios da igualdade e da imparcialidade na conduta do jogo. Esses árbitros sofrem muito mas são recompensados no futuro. Outros, apesar de honestos como a quase totalidade (não acredito em 100% em qualquer classe), acabam involuntariamente cedendo em flagrante fraqueza de caráter. Esses sofrem menos durante os 90 minutos mas seguirão como meros figurantes ao longo da carreira de árbitro de futebol.
Alguns árbitros são tecnicamente perfeitos mas disciplinarmente relapsos. Outros são intocáveis disciplinarmente mas tecnicamente deixam muito a desejar. Mas existe um grupo de árbitros que detém boa técnica, sabem se impor disciplinarmente, porém, sua principal virtude é a inteligência na administração do jogo. Sentem como poucos o clima da partida. Mudam quando precisam mudar. Agem sempre e não se omitem. Acabam de uma forma ou outra conquistando o controle do jogo. Conseguem se salvar das piores situações com muita criatividade, discernimento e persuasão. São líderes natos e exímios administradores de crise. Para esse grupo o céu é o limite na arbitragem.
Enquanto redigia essa coluna lembrei daquela inesquecível fábula do cachorro, do tigre e do macaco. Acho que se encaixa bem no tema de hoje. Vejamos:
Um cachorrinho perdido na selva vê um tigre correndo em sua direção. Pensa rápido, vê uns ossos no chão e se põe a mordê-los. Então, quando o tigre está pronto para atacá-lo, o cachorrinho diz:
— Ah, que delícia este tigre que acabo de comer!
O tigre para bruscamente e sai apavorado, correndo da “fera”, pensando com seus botões: "Que cachorro bravo! Por pouco não devora a mim também!".
Um macaco, que havia visto a cena, sai correndo atrás do tigre e conta como ele fora enganado. O tigre, furioso, diz:
— Cachorro maldito! Vai pagar caro por isso!
O cachorrinho vê que o tigre novamente vem atrás dele, desta vez trazendo o macaco em suas costas, e pensa: "Ah, macaco traidor! O que eu faço agora?".
Quando o tigre está a ponto de atacá-lo, o cachorrinho diz:
— Macaco preguiçoso! Faz meia hora que eu mandei ele me trazer um outro tigre e ele ainda não voltou!
Moral da história: Usando a imaginação podemos obter grandes resultados. Seja criativo. Esse detalhe diferencia uma pessoa vencedora de uma outra apenas esforçada.
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