A Confederação Brasileira de Futebol - CBF, optou por não mais utilizar o árbitro assistente adicional (AAA) nas competições nacionais (série A e fases decisivas da Copa do Brasil). Seguiram no mesmo caminho as federações estaduais de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Desconheço outras federações que utilizavam mas possivelmente existam. Não tenho a menor dúvida de afirmar que a decisão é eminentemente financeira, como de costume acontece quando se trata de dinheiro aplicado na arbitragem, reconhecido equivocadamente como despesa e não como investimento.
Um dos aspectos que certamente contribuiu para o encerramento da participação dos AAAs foram alguns erros grosseiros cometidos. Um deles, bastante difundido na imprensa, acarretou na conquista do título carioca em 2014. Tenho comigo que a experiencia foi mal conduzida e os erros pontuais acabaram minando mais essa ferramenta útil para arbitragem brasileira.
Para o sucesso da função de AAA, é necessário um treinamento continuado até atingir um nível similar ao que acompanhamos nas competições europeias. Ademais, cometeram o equívoco de colocarem árbitros que, apesar de ocuparem classificação de destaque no ranking nacional, estavam visivelmente deslocados no exercício da função. O exemplo emblemático é do árbitro FIFA Ricardo Marques Ribeiro, que não conseguiu visualizar o gol marcado pela equipe do Goiás no campeonato brasileiro de 2014.
E nem poderia na posição em que se encontrava no momento em que a bola cruza a linha fatal. Na verdade, muito embora faça parte da elite brasileira do apito, o que pressupõe alta qualificação, acabou errando em razão de não estar ambientado com a nova função, cometendo erros primários de deslocamento e posicionamento. Não tem culpa. Não estava acostumado ao exercício da função. Fez lembrar outros tempos em que os árbitros sulamericanos trabalhavam como árbitro num jogo e no dia seguinte atuavam como assistente, muitas vezes em país vizinho. Era totalmente desarrazoado. Um desastre total.
E nem poderia na posição em que se encontrava no momento em que a bola cruza a linha fatal. Na verdade, muito embora faça parte da elite brasileira do apito, o que pressupõe alta qualificação, acabou errando em razão de não estar ambientado com a nova função, cometendo erros primários de deslocamento e posicionamento. Não tem culpa. Não estava acostumado ao exercício da função. Fez lembrar outros tempos em que os árbitros sulamericanos trabalhavam como árbitro num jogo e no dia seguinte atuavam como assistente, muitas vezes em país vizinho. Era totalmente desarrazoado. Um desastre total.
Por outro lado, aqueles que atuavam como árbitro assistente adicional com certa frequência, conseguiam resultados muito satisfatórios no trabalho em equipe. Mas talvez aí resida o grande e talvez decisivo fator que fulminou o AAA. Não existe percepção visual ou auditiva do trabalho. Tudo que realiza fica restrito internamente nas comunicações entre a equipe de arbitragem durante o jogo.
Apesar de inexistir qualquer estatística a respeito, não tenho dúvidas de afirmar que inúmeras decisões importantes foram tomadas com as informações prestadas pelos AAAs, mas que infelizmente acabavam não chegando ao conhecimento da mídia, quiçá da Comissão de Arbitragem.
Apesar de ser letra morta daqui pra frente, vejamos os deveres que ainda constam na regras do futebol, edição nacional 2014/15 (páginas 120/122):
Os árbitros assistentes adicionais,
sempre submetidos á decisão do
árbitro principal, devem indicar:
1. se a bola saiu completamente do
campo e pela linha de meta;
2. se houve um tiro de canto ou um
tiro de meta;
3. as infrações e outros incidentes ocorridos fora do campo visual do árbitro;
3. as infrações e outros incidentes ocorridos fora do campo visual do árbitro;
4. as infrações que possam ver melhor
do que o árbitro, sobretudo as
que ocorram dentro da área penal.
5. se, nas cobranças de pênaltis, o
goleiro se adianta antes da bola
ser chutada e se a bola ultrapassou
a linha de meta.
E o principal:
Os árbitros assistentes adicionais
ajudarão o árbitro a dirigir a partida
de acordo com as regras do jogo,
porém sempre cabendo ao árbitro
tomar a decisão definitiva.
O motivo da preocupação em relação ao futuro, é que sequer completamos um mês de competições estaduais e já podemos perceber que a ausência do árbitro assistente adicional permitiu que muitos lances irregulares acontecessem sem a percepção da equipe de arbitragem, em situações de jogo que haveria enorme possibilidade de intervenção satisfatória do AAA.
Faço uma pequena relação de lances cujas decisões foram equivocadas e que cada um tire suas conclusões:
1. Os dois tiros penais marcados a favor do Corinthians x Botafogo de Ribeirão Preto.
2. A bola que não entrou no jogo do Internacional x Caxias e que decidiu o jogo;
3. O toque com a mão do zagueiro do Nova Iguaçu contra o Botafogo (o atacante estava impedido);
4. A bola que não entrou no jogo do Flamengo x Madureira;
5. A bola que entrou no jogo Nacional x Coritiba;
6. O tiro penal inexistente no jogo Santos x Portuguesa;
7. O tiro penal marcado equivocadamente no jogo Cruzeiro RS x Internacional (bola bate no peito)
Essa é uma pequena amostra de lances que aconteceram nos últimos dias e puxamos pela memória, mas certamente o número é infinitamente maior. Muitos poderão dizer que mesmo com a intervenção do AAA muitas dessas decisões permaneceriam. Concordo. Mas também não podemos descartar a possibilidade infinitamente maior de correção desses equívocos caso existisse o AAA.
Sem o sistema de detectação automática de gols (DAG), acredito que a solução humana ainda é factível e torço para que a posição inicial seja revista com o retorno dos AAAs. Até lá teremos problemas ainda maiores que nos anos anteriores. Podem conferir e depois me cobrem. A solução definitiva passa pelo auxílio tecnológico com paralisações pontuais em lances decisivos e consulta ao vídeo por pessoa previamente designada pela Comissão de Arbitragem, o que poderíamos chamar de árbitro assistente virtual. É o futuro cada vez mais presente.
Nota
No blog de sexta feira (27/02/15), publicaremos entrevista com o ex-árbitro FIFA Leonardo Gaciba, atualmente comentarista de arbitragem da Rede Globo de Televisão.
6. O tiro penal inexistente no jogo Santos x Portuguesa;
7. O tiro penal marcado equivocadamente no jogo Cruzeiro RS x Internacional (bola bate no peito)
Essa é uma pequena amostra de lances que aconteceram nos últimos dias e puxamos pela memória, mas certamente o número é infinitamente maior. Muitos poderão dizer que mesmo com a intervenção do AAA muitas dessas decisões permaneceriam. Concordo. Mas também não podemos descartar a possibilidade infinitamente maior de correção desses equívocos caso existisse o AAA.
Sem o sistema de detectação automática de gols (DAG), acredito que a solução humana ainda é factível e torço para que a posição inicial seja revista com o retorno dos AAAs. Até lá teremos problemas ainda maiores que nos anos anteriores. Podem conferir e depois me cobrem. A solução definitiva passa pelo auxílio tecnológico com paralisações pontuais em lances decisivos e consulta ao vídeo por pessoa previamente designada pela Comissão de Arbitragem, o que poderíamos chamar de árbitro assistente virtual. É o futuro cada vez mais presente.
Nota
No blog de sexta feira (27/02/15), publicaremos entrevista com o ex-árbitro FIFA Leonardo Gaciba, atualmente comentarista de arbitragem da Rede Globo de Televisão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário