O artigo que transcrevemos abaixo foi extraído do site da UEFA, após o último encontro da arbitragem européia realizado em Atenas na Grécia. Representa a visão moderna da preparação dos árbitros de futebol. A ideia é que o futebol evoluiu de tal forma que não existe mais espaço para o árbitro desinformado, aquele que se limita a treinar fisicamente, atualiza-se nas questões de ordem técnica e segue para o estádio desconhecendo aspectos táticos das equipes envolvidas na partida. O texto original está em espanhol e traduzimos para o português com as adaptações necessárias para melhor entendimento.
UEFA ALERTA OS ÁRBITROS PARA QUE CONHEÇAM A FORMA DE JOGAR DAS EQUIPES
UEFA ALERTA OS ÁRBITROS PARA QUE CONHEÇAM A FORMA DE JOGAR DAS EQUIPES
Em relação aos melhores árbitros da atualidade, não se espera que sejam apenas bons administradores de um jogo de futebol, mas também devemos incentivá-los a aprender tudo sobre os times e jogadores nas partidas que irão arbitrar em todo país.
No 23º Curso Avançado para Árbitros de Elite da UEFA e 24º Curso Introdutório para Árbitros Internacionais, realizado em Atenas, a UEFA está dando especial ênfase para que os árbitros recorram as informações sobre as táticas das equipes e a forma de jogar dos atletas em campo.
"Se estudar as táticas das equipes e as características individuais dos jogadores, podem estar um passo à frente para tomar decisões em diferentes situações da partida", disse o chefe de arbitragem da UEFA Pierluigi Collina, numa apresentação em Atenas no início da semana. A preparação de um árbitro está se tornando cada vez mais importante no futebol de hoje em dia.
O chefe dos oficiais técnicos da UEFA, Ioan Lupescu, foi à Grécia para contar sua própria experiência sobre a importância dos árbitros aprenderem como jogam as equipes para melhorar suas próprias atuações.
Lupescu, que atuou como árbitro internacional por 74 vezes pela Romênia ao longo de 12 anos de uma longa e vitoriosa carreira, não só falou sobre a variedade de sistemas táticos que as equipes utilizam nas competições europeias, como também destacou as tendências do futebol moderno, sempre com a intenção de ajudar a melhorar os árbitros. "Estou seguro que conhecer as equipes ajudará muito árbitros", disse.
O chefe dos oficiais técnicos da UEFA destacou a necessidade de árbitros estarem em boa forma para fazer frente a alta qualidade técnica, ritmo de jogo, e as transições e os contra-ataques que caracterizam o futebol moderno."Todas as equipes usam rápidos contra-ataques e de fato há equipes que baseiam todo seu ataque e contra-ataque em jogadas de bola parada".
A corrida individual, dois ou três passes rápidos para frente e os passes longos, são algumas das armas mais usadas para vencer as defesas e Lupescu apoia seu discurso citando que durante a Copa do Mundo no Brasil, 34 dos 171 gols marcados, 20% do total, veio depois de contra-ataques e transições rápidas.
Outra tendência identificada por Lupescu é que as equipes usem muito o ''passe da morte", um passe desde as proximidades da linha de meta, para trás, buscando um companheiro de equipe para ter a oportunidade perfeita de marcar. "Na UEFA Champions League, gols marcados depois de um passe para trás quase dobraram, saindo de 15 gols marcados na temporada 2009/10, para 28 gols em 2010/11 e voltou a aumentar na temporada 2012/13. No final da fase grupos este ano, 20 gols já foram marcados desta forma", disse.
O jogo pelas laterais também se desenvolveu muito nos últimos anos, com a observação de que no passado era jogado com dois jogadores nas extremidades, porém atualmente muitas equipes não jogam apenas com esses dois extremas, mas também com dois velocistas (alas) dispostos a se juntar aos atacantes.
Os árbitros agora estão sendo ajudados nas grandes competições da UEFA por árbitros assistentes adicionais quanto à situações de jogo ocorridas dentro da área penal, algo que Lucescu considera de grande importância nas jogadas de bola parada, que geram muitos gols, como no tiros livres e nos tiros de canto. "Desde 2003/04, 24% dos gols na UEFA Champions League foram marcados em jogadas de bola parada. Após três anos consecutivos de queda, o número aumentou para 26% na temporada passada ... E 27% de todos os gols até agora na temporada de 2014/15 vieram de lances de bola parada. "
Também ressaltou a importância dos últimos 15 minutos do jogo. A investigação da UEFA Champions League e das seis melhores ligas europeias nos seis últimos campeonatos europeus, mostrou que 23% dos gols foram marcados depois do minuto 75. "Os motivos variam. O cansaço, erros, alterações táticas, o marcador e as expectativas mudam ... Há um aspecto mental de cansaço, por exemplo, e os árbitros também devem levar em consideração este aspecto para suas próprias ações ", disse Lupescu.
Finalmente, Lupescu encerrou uma brilhante apresentação para discutir o papel do goleiro."Atualmente, os goleiros são treinados e evoluíram de forma diferente. O goleiro moderno atua como um jogador de linha e deve ser hábil com os pés para jogar sob pressão, ler o jogo e ser capaz de intervir fora da área penal nos contra-ataques. "
Fonte: UEFA
Nota
A argumentação é rica e incontestável. Árbitros modernos precisarão buscar a maior quantidade possível de informações para que possam desempenhar seu mister sem surpresas. Mas para isso é necessário que o futebol brasileiro se modernize também nesse aspecto, criando mecanismos para auxiliar o árbitro nessa leitura do jogo e das equipes. Os árbitros não tem formação como técnicos de futebol e pouco entendem de tática. No máximo conseguem receber informações pontuais antes do jogo referente a um ou outro atleta. É muito pouco. Os delegados de arbitragem e/ou instrutores precisam maior contato com técnicos de futebol contratados pela CBF e Federações Estaduais, com formação adequada, para que repassem seus conhecimentos e ensinem os árbitros a lerem o jogo de futebol. E com um agravante. A partir desse ano o árbitro assistente adicional passou a ser a ararinha azul do futebol brasileiro, espécie em extinção com muita gente tentando salvá-la. Mas sobre o tema dedicaremos um post específico nos próximos dias.
Domingo tem ATLETIBA. Muita embora exista uma rivalidade histórica, a colocação das equipes na tábua de classificação faz crer que uma derrota não acarretará em grandes ameaças na sequencia do certame, somado a pouca importância que tem sido dado a esse confronto quando se trata de competição estadual. Portanto, não vejo qualquer óbice para a Comissão de Arbitragem indicar para o sorteio novos nomes que ainda não debutaram nesse jogo tão tradicional. É assim que se forja grandes árbitros, submetendo-os a novas experiências e saindo um pouco da zona de conforto. Pensei em citar nomes mas preferi não fazê-lo. Talvez acabaria por prejudicá-los involuntariamente. No Brasil tudo é interpretado politicamente. E política na arbitragem é sinônimo de fracasso.
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