O tempo passa e pelo jeito o desconhecimento das regras do jogo continua sendo uma norma sem exceções nos clubes brasileiros. Vejam a última. A equipe do Bahia, em parceria com seu novo fornecedor de material esportivo, imaginou que teria descoberto o antídoto para o calor intenso que desgasta sobremaneira os atletas profissionais, principalmente nessa época do ano, minimizando seus efeitos através do uso de camisa sem mangas (foto), especialmente em partidas disputadas em locais com forte calor.
A ideia não é original e chega com 13 anos de atraso pelas bandas de Salvador. Na Copa das Nações Africanas de 2002, disputada em Mali, a camisa sem mangas foi utilizada pela primeira vez pela seleção de Camarões. E pelo jeito a novidade funcionou, pois o time camaronês conquistou à época seu quarto título com uma vitória na grande final em cima de Senegal. Durante toda competição a camisa regata foi usada e chamou muita atenção da imprensa internacional.
Empolgados com o resultado obtido no campo, em abril daquele mesmo ano, a Federação Camaronesa de Futebol consultou a FIFA, demonstrando sua intenção de utilizar a famosa regata na Copa do Mundo de 2002, disputada na Coréia e Japão. Mas acabava por aí a alegria dos camaroneses pois a FIFA negou o pedido africano, alegando que feria o regulamento da competição.
Não satisfeitos, os camaroneses decidiram novamente inovar em 2004, apresentando camisa e calção em peça única, o que foi rechaçado de plano pela FIFA.
Voltando ao caso Bahia, ao consultar a CBF a respeito da possibilidade de usar tal camisa, os dirigentes baianos receberam como resposta, através de Ofício encaminhado pelo gerente de competições Manoel Flores, que o uso está vetado, pois fere o regulamento da FIFA.
Na verdade, os dirigentes sequer precisariam formular consulta a CBF, pois a vedação, além de constar no regulamento da FIFA, está inserida nas regras do jogo, ao dispor sobre o uso da camisa de jogo ou agasalho, alertando que no caso de uso de roupa por baixo da camisa,
as mangas dessa roupa deverão
ter a cor principal das mangas
da camisa ou do agasalho."
Portanto, se a regra do jogo obriga que as camisas internas tenham a mesma cor da manga do uniforme de jogo, a simples referência as mangas é suficiente para concluir que está vetado o uso de camisa sem mangas, tornando-as obrigatórias. A propósito, este é um pequeno detalhe que deve ser observado pelos árbitros, pois é comum uniformes com cores diferentes no tronco e nas mangas. Resumindo, camisa interna deve ser da cor da manga da camisa.
Ainda sobre a regra 4, transcrevemos abaixo a decisão da IFAB incluída na nova edição das regras do jogo.
"Decisão 1 do International F. A. Board"
Equipamento básico obrigatório
O equipamento básico obrigatório
não poderá ter lemas, mensagens
ou imagens políticas, religiosas,
nem pessoais.
O organizador da competição ou a
FIFA punirá a equipe infratora de
um jogador cujo equipamento básico obrigatório tenha lemas, mensagens
ou imagens políticas, religiosas
ou pessoais.
Roupa interior
Os jogadores não podem mostrar
qualquer roupa interior que tenha
lemas, mensagens ou imagens políticas,
religiosas ou pessoais, tampouco
outra publicidade que não
seja o logotipo do fabricante.
O organizador da competição ou
a FIFA punirá a equipe ou os jogadores
que mostrem em qualquer
roupa interior lemas, mensagens
ou imagens políticas, religiosas ou
pessoais, ou outra publicidade que
não seja o logotipo do fabricante.
Notem que o árbitro deverá relatar o fato em súmula, porém não há necessidade de advertir o atleta com cartão amarelo.
Ainda na Regra 4, uma nova orientação referente ao uso de protetores de cabeça, utilizados por alguns goleiros. Diz o texto:
Os protetores de cabeça, quando
forem usados, devem:
1) Ser de cor negra ou da cor principal
da camisa (todos os jogadores
da mesma equipe devem usar
protetores da mesma cor).
2) Estar de acordo com as exigências
profissionais do equipamento
dos jogadores.
3) Ser separados da camisa.
4) Ser seguros e não causar nenhum
risco para o jogador que o usa, nem
para qualquer outro jogador (por
exemplo: não ter o mecanismo para
abri-lo ou fecha-lo em volta do
pescoço).
5) Não ter partes sobressalentes
(protuberâncias).
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